17 outubro 2005

Ser sportinguista assim? Não, obrigado...


Se há coisa que me enoja são os irresponsáveis e os vira-casacas. E infelizmente, embora eu já desconfiasse que esse cenário era transversal a todos os clubes, nas últimas semanas verifiquei que o Sporting tem uma grande percentagem de adeptos, que podem ser catalogados de irresponsáveis e de vira-casacas. Ir para um estádio, já de cabeça feita para vaiar jogadores e técnicos, é triste e mesquinho. A esmagadora maioria dessa corja que faz isso, foi a mesma que pernoitou no aeroporto, há alguns meses atrás a vitoriar aqueles a quem apelidava de "heróis de Alkmaar". Mas as convicções dessa corja são tão consistentes como gelatina. Não concebem o futebol sem a vitória, não concebem nada na vida que seja diferente do que aquelas duas ou três celulazitas que têm no cérebro lhes ditam. Não têm capacidade para ver que a equipa é diferente, não têm capacidade para ver que o clube se depara com tempos onde, ou o rigor impera ou o Sporting acaba. E se agora o rigor impera, é porque grande parte desses idiotas que agora levam lenços brancos para Alvalade, elegeram populistas que compravam ao desbarato jogadores que não se podiam pagar, e despediam por dá cá aquela palha treinadores de créditos firmados. Se puserem um microfone à frente desses energúmenos, verão que o diagnóstico que fazem é o seguinte "O Sporting está em crise porque Dias da Cunha e Peseiro são benfiquistas". Assim... absolutamente assim. E vão mais adiante "A crise só se resolve, se formos recuperar o Quaresma ao Porto, comprar o Hugo Viana e tentarmos o Jorge Andrade." E cá está a resolução da crise dada por estes iluminados, que julgam que a porcaria de quotas que pagam ao fim do mês, lhes permite mandar postas de pescada para o ar, e contratar jogadores com salários e valor de passe verdadeiramente proibitivos. Esta gente desconhece, que se querem discutir o clube seriamente, podem recolher assinaturas para provocar uma Assembleia Geral, e aí sim, inteirarem-se das questões e propôr alternativas sérias. Ao invés, insultam, gritam, apoiam o adversário, fazem esperas, enfim, é esse o conceito deles de sportinguista.
Muitos deles dizem que "O Sporting somos nós", e fazem parte de associações na sua maioria ilegais, onde vivem à custa do dinheiro que alguns incautos lhes metem na mão, e a sua utilidade resume-se a irem a todos os jogos, com bilhetes mais baratos, gritar golos e aplaudir quando jogamos bem, ao passo que insultam e viram as costas quando as coisas correm mal, agridem-se já bebedos, agridem adversários e polícia, e no regresso saqueiam postos de abastecimento. Uma bela forma de estar na vida...
Na sua maioria, é este o perfil do adepto, que se prepara para empurrar um profissional sério para fora do clube, que deu mostras de saber trabalhar, quando tem condições para tal, não se importando minimamente com o facto de ter de haver uma explicação mais profunda e vasta, para o trabalho de profissionais outrora com sucesso, agora não estar a funcionar.
Só tenho pena é de gostar tanto do Sporting, porque o que me apetece fazer racionalmente, é afastar-me e deixar de poder ser confundido com esta carneirada, que insiste em marrar a torto e a direito, fazendo jus à irracionalidade que pulula naquela bola que lhes separa as orelhas.

16 outubro 2005

7ª Jornada


Jornada 7 foi jornada de clássico Porto vs Benfica. Os encarnados não venciam no Porto, desde a tarde de glória de César Brito. Mas foi mesmo desta, que mataram o borrego. E venceram bem. A vitória por duas bolas a zero não merece a menor contestação. Nuno Gomes foi a figura do jogo, ao ser o autor dos golos da vitória. Adriaanse insistiu na dupla Ricardo Costa - Bruno Alves, mesmo já tendo Pedro Emanuel e Jorge Costa disponíveis, e pagou a factura. A meu ver, esses 2 jogadores são uma cópia muito, muito, mas mesmo muito pirata, de Fernando Couto e Jorge Costa, e note-se que nem sequer sou especial apreciador destes 2 ex-internacionais portugueses, agora perto da reforma. Têm toda a agressividade desnecessária que os seus "ídolos" têm, mas desprovidos de qualquer classe, jeito, sentido posicional e sentido de liderança. Em suma, muito fraquinhos mesmo. O meio campo portista, não carburou, devido talvez à falta de um homem que faça as despesas defensivas ( Raúl Meireles por exemplo ), e o Benfica controlou sempre o jogo. Na 1ª parte, jogou mais na expectativa, e na 2ª parte, já com Karyaka em campo, embora não sendo avassalador, foi mais acutilante e colheu o que plantou. Por este andar, Adriaanse arrisca-se a passar à história como um técnico que tinha tudo para ganhar, nada vencendo por simples casmurrice. Já Koeman, mostrou ser mais inteligente. Aprendeu com os erros, passou a aproveitar mais o esqueleto do ano passado, melhorou-o com Anderson e Nélson, e tem neste momento a equipa a praticar bom futebol. A continuar o actual estado de coisas, arrisca-se a ser campeão. Voltando ao Porto, causou também alguma estranheza a apatia de McCarhy, embora raramente tenha sido bem servido, e a opção de deixar Quaresma no banco. Parece claro que neste momento as hipóteses do Porto vencer jogos, passam muito por aquilo que Quaresma faz em campo, e tendo Adriaanse deixado o extremo no banco, descansou por muitos minutos o seu compatriota encarnado. Referência positiva para Lucílio Baptista, que quanto a mim, apenas errou na expulsão de Léo. Quanto à expulsão de Bruno Alves, ela simboliza a vitória de uma cultura sempre aplaudida nas Antas, em que um central, mais do que jogar à bola, tem de ter cara de mau, ir às pernas do adversário, magoá-lo, e se possível ainda agredi-lo. Bem na senda de Lima Pereira, Fernando Couto, Jorge Costa e Pedro Emanuel, Bruno Alves a continuar assim, arrisca-se a acabar carreira no Dragão como um dos símbolos do Porto do segundo milénio. Filosofias...

Já o Sporting prosseguiu a sua via sacra. Torna-se difícil falar do Sporting. Porque sou sportinguista, e porque já não há muito a dizer. Recebeu a Académica e perdeu 0-1. E se não mereceu perder, decerto que não mereceu ganhar. A equipa não é boa, ponto final. A pressão não ajuda, e tudo se resume a um conjunto de jogadores que não consegue pegar na bola, porque actualmente ela queima, e consequentemente não progride em campo, chutando sem nexo a bola em solicitações de 40 metros, que invariavelmente morrem na linha de fundo, ou nos pés dos defesas adversários. A Académica, jogou como de costume, num claro 8-1-1. Obviamente que estou a ser irónico, mas também irrita ver estas equipas que apesar da conjuntura até ser favorável, continuam com a ambição de um monge franciscano. Note-se que bem sei que a Académica tem menos potencial que o Sporting, mas de qualquer forma é de bradar aos céus, a ambição é nula. Marcou o golo da vitória numa perda de bola infantil de Custódio, tendo o médio academista que roubou a bola, isolado Marcel que rematou a contar. A partir daí, até criou mais algumas ocasiões, em contra-ataque puro, jogando com o desespero leonino. Mas tudo bem, cada um luta como quer. Apenas é triste vermos as ligas estrangeiras, e observarmos os clubes pequenos encararem os grandes, com muita mais ambição do que por cá se vê. De qualquer forma, aceita-se a vitória academista.
Não gostaria de falar da arbitragem, até porque claramente o Sporting não perde pela arbitragem, e isso que fique bem claro, mas tenho de dizer que o senhor Paulo Paraty, por muitos apitos de Ouro que vença, continua um nojo de árbitro. A 1 metro de distância transformou um penalty sobre Wender, num livre directo, assinalou off-side indevidamente num lance em que Silva viria a marcar o golo do empate, e marcou uma falta, onde um academista pontapeou violentamente João Moutinho, em lance de vermelho directo, sem sequer mostrar o amarelo. Palavras para quê, é um artista português! Mas nem sequer merece ficar ligado à derrota leonina. Os problemas são bem maiores que os Paratys deste mundo, e radicam claramente na falta de qualidade. E quando assim é, ou Dias da Cunha consegue contratar Nosso Senhor Jesus Cristo, ou então, o centenário vai ser mais negro que uma fotografia tipo passe do Douala.
Previsivelmente Peseiro vai cair, hoje, ou nos próximos dias, e vejo com muita curiosidade quem vai ser o "doido" que vai aceitar pegar neste Sporting. Colocando aqui um pouquinho de "Wishful Thinking", se o erro do despedimento de Peseiro se confirmar, Deus permita que o próximo Mister leonino saia do grupo Carlos Queiroz - Manuel Fernandes. Mas como nestas coisas, sou bem mais dado às leis de Murphy, vai acabar por sair o Couceiro na rifa.
Leão sofre...

O contra-adepto


Todos nós, ou pelo menos os apaixonados por literatura policial ou de guerra, já ouviram falar do conceito de contra-espião. Mas ontem ficamos a conhecer o conceito de contra-adepto. Passo a explicar. Há alguns dias, a propósito da crise leonina, e das firmes convicções de Co Adriaanse, o técnico holandês dizia algo como isto "Tenho as minhas convicções e não mudo. O Porto sabia quem eu era, e por isso me foi buscar. Quando os associados já não me quiserem, basta acenarem-me com lenços brancos que me vou embora.". Todos vimos isto na TV, e quem não viu, pôde reler as citações na imprensa escrita. Ora Adriaanse perdeu ontem no Dragão com o Benfica por 0-2. Não vamos agora escalpelizar os motivos da derrota. Perdeu... E alguns adeptos lembraram-se de aplicar a Adriaanse, a moda dos "pañuelos", como já tinha acontecido a Peseiro. Interpelado a propósito disso, na flash interview respondeu "Isso não é verdade. É falso que alguma vez tenha dito que me ia embora se me acenassem com lenços brancos.". Ficamos aí a saber que fomos alvo de uma alucinação colectiva. Mas mais preocupado fiquei ainda com o meu estado mental, quando ouvi Adriaanse na conferência de imprensa, dada 5 minutos após a flash interview "Vi lenços brancos sim, mas eram mostrados por adeptos do Benfica.". Ficamos aí a saber que Adriaanse tem um sistema de retina ocular que lhe permite processar imagens de 5 em 5 minutos. E mais importante ainda, ficamos a saber que desde ontem, há no futebol português aquilo que deve ficar conhecido como o contra-adepto. Adeptos adversários que mostram lenços brancos ao técnico adversário. Ele há coisas...
A foto demonstra que Adriaanse tem razão...

P.S. - Provavelmente o Sporting não vencerá a Académica, dentro de algumas horas. Mas é curioso verificar, que Peseiro, tendo perdido jogadores angulares na manobra da equipa, tendo o plantel e a equipa mais barata e fraca dos 3 grandes, pode passar para a frente do campeonato dos grandes, sendo mesmo assim o técnico mais odiado e atacado. Faz sentido isto? Na cabeça de alguns talvez faça. Na minha, definitivamente não faz...

Então Capitão???!!!


Alguns amigos meus, portistas e benfiquistas, já devem ter pensado "Pois é... o lagarto agora não fala da batatada que houve no treino do Sporting, entre o Beto e o Custódio. Não lhe convém, é o que é...". A verdade é bem mais simples e menos maquiavélica: não tive tempo.
Mas cá vai. Li que há dias atrás, Beto e Custódio se pegaram à pancada em pleno treino. As informações não são muitas, nem claras, mas transpareceu de certa forma, que Beto teve mais culpa nesta questão, embora numa situação destas a culpa dificilmente seja de apenas uma pessoa. Vamos então por partes... Situações destas acontecem em todos os planteis do mundo. É de certa forma inevitável que tal aconteça. Esta constatação não torna o facto menos grave, nem sequer desculpável. É também verdade que, num plantel algo desorientado, sob pressão, e com maus resultados recentes, estas coisas se propiciem mais, não sendo isto uma desculpa, mas antes uma constatação óbvia. Este acontecimento não pode passar em claro. Pelo que nos chega através da imprensa, o Sporting decidiu apenas multar os 2 prevaricadores monetariamente, não os suspendendo, e a meu ver bem, porque assim, quem seria punido era o clube, porque ambos fazem falta à equipa, e o clube não tem culpa nenhuma de dois actos tresloucados de dois funcionários. No entanto, e no que diz respeito a Beto, a meu ver, tem de perder a braçadeira de capitão. Gosto muito de Beto, acho-o um fantástico central, e mais do que isso, um fantástico sportinguista, e espero que termine a carreira de leão ao peito. Mas, e embora sabendo que todos somos humanos e todos erramos, Beto, como capitão não pode errar em determinados aspectos. E este era um deles. Com toda a razão do mundo que possa ter, e não quero sequer saber qualquer pormenor, Beto não pode nunca, como capitão agredir um colega. Nunca, nunca, nunca. A função não o permite, e o clube não o merece. Aconteceu, nada há a fazer, decerto que Beto como grande homem que é, já se desculpou, já se penitenciou e penso que se deve sentir pior que todos, mas há que tirar as ilações do caso, e agir em conformidade. A meu ver, Beto não fica diminuído por perder a braçadeira, mas é algo que tem de acontecer. As coisas são mesmo assim...

P.S. - É nos pequenos pormenores que se ganham títulos. Todo este caso se passou num treino à porta fechada. Como foi possível tudo isto se saber? Há claramente "toupeiras" no grupo de trabalho. Urge detectá-las e exterminá-las, caso contrário, podem esquecer qualquer tipo de conquista.

04 outubro 2005

6ª Jornada


O FC Porto voltou a perder pontos, agora na Madeira. Empatou a duas bolas, e poderia e teria perdido o jogo, não fosse uma péssima arbitragem de Duarte Gomes. Foi claramente o pior jogo da era Adriaanse, ao passo que no Marítimo, a chicotada psicológica resultou em grande. Falta saber se foi um fogacho momentâneo ou se é para manter. O Marítimo entrou em campo a mandar no jogo, com uma dinâmica que o Porto nunca conseguiu acompanhar, e chegou à vantagem com naturalidade, explorando a falta de qualidade defensiva dos portistas, que de há algum tempo a esta parte, venho apontando. Apesar da vantagem, o Marítimo não baixou o ritmo e conseguiu marcar um segundo golo, que foi indevidamente invalidado. Após esse lance, viu ainda ser-lhe escamoteada uma grande penalidade. Sem dúvida, uma péssima arbitragem com prejuízos óbvios para os madeirenses. Na segunda parte, o Marítimo ainda dominou o primeiro quarto de hora, tendo o Porto efectuado algumas substituições e partido à procura do empate. Efectivamente conseguiu-o, e conseguiu até o 1-2, parecendo aí que o jogo tinha terminado. Após o 1-2, os madeirenses viram-se reduzidos a 10 homens, e tudo parecia encaminhado ao gosto do FC Porto. Acontece que o Marítimo não esteve pelos ajustes e num pontapé fora da área aos 89 minutos, restabeleceu a igualdade a duas bolas, havendo ainda tempo para uma segunda expulsão, o que empurrou o Porto para a frente, criando ainda chances para vencer. Mas tudo terminou em empate, fazendo o Porto perder mais 2 pontos no caminho para o título. Que seriam 3 pontos, resultado da 1ª derrota portista, caso Duarte Gomes tivesse apitado à luz das leis que regem o futebol.

Já o Sporting, prosseguiu o seu calvário. Pedeu agora 3-0 em Paços de Ferreira, que apesar das parangonas dos jornais, não justificou tal resultado. Não quero com isto dizer que a vitória não poderia ter acontecido, mas o resultado é enganador. Na 1ª parte, então o marasmo foi completo. Nem Paços nem Sporting, justificaram mais que um puxão de orelhas. Mas o Paços de Ferreira marcou 2 golos. O 2º golo foi um golpe de infelicidade de Beto que tentando cortar para canto, enviou a bola ao poste, restando ao avançado pacense empurrar para dentro da baliza. Já o 1º golo tem mais que se lhe diga. Foi um lance à Carlos Xistra. Livre directo contra a barreira, e o sr Xistra amarela Moutinho e manda repetir o livre. Pena é que a repetição mostra claramente que João Moutinho apenas sai da barreira quando a bola é tocada para o lado, para o remate partir. Lance legal, mal avaliado que custa um golo e um amarelo a João Moutinho. Na 2ª parte o Sporting mandou no jogo, contra 11 jogadores acantonados na área, e levou o 3º golo em contra-ataque quando o Sporting já estava reduzido a 10 homens e nada havia a fazer. Mais 3 pontos perdidos, e para mim, o solidificar da convicção que este ano não dá mesmo para mais. Para outros, foi o avolumar da contestação a José Peseiro, que vai certamente acabar por sair, como se fosse a causa de todos os males. Mas o futebol é mesmo assim, e os adeptos só vêem o imediato.

Já na 2ª feira, o Benfica bateu o Vitória de Guimarães, por 2-1, num jogo em que os lisboetas tiveram mais sorte que engenho. Passo a explicar: o primeiro golo do Benfica é um centro para a área onde Nuno Gomes falha a cabeçada, enviando a bola na direcção da linha lateral, onde encontra Miccoli isolado que atira a contar. Já o segundo é uma deambulação de Simão que remata encontrando as pernas de um vimaranense, traindo assim o keeper do Vitória. Estes fizeram o seu golo, fruto de um estrondoso cruzamento de Mário Sérgio, que em Alvalade infelizmente não fazia coisas daquelas, que encontrou o fantástico Targino a cabecear a contar. Este miúdo ou muito me engano ou vai longe. Rapidíssimo, técnico, buliçoso, tem tudo para ser grande. Assim tenha cabecinha. Na 1ª parte foi um festival vitoriano, com perdidas incríveis de Saganowski, Targino, Benachour e companhia, onde Moreira e mesmo a trave brilharam. No período complementar, o jogo foi morno e o Benfica, sem criar perigo dominou, fruto também das substituições de Pacheco, que debilitaram a força vitoriana. Nota de destaque, para mais uma "tentativa de assassinato" do senhor Petit, a quem não lhe basta ter talento para a bola, sentindo também necessidade de tentar estragar a carreira a Targino, num lance similar ao que precipitou o fim de carreira de Marco van Basten. Simplesmente nojento, senhor Petit! Assim vamos assistindo a nojices deste senhor, semana a semana, sem que nada se faça. Para concluir, Petit acabou agredido, fruto de um destempero de um jogador vitoriano. Adivinhava-se...
P.S. Que inveja não ter Neca e Benachour no time do leão...