17 outubro 2005

Ser sportinguista assim? Não, obrigado...


Se há coisa que me enoja são os irresponsáveis e os vira-casacas. E infelizmente, embora eu já desconfiasse que esse cenário era transversal a todos os clubes, nas últimas semanas verifiquei que o Sporting tem uma grande percentagem de adeptos, que podem ser catalogados de irresponsáveis e de vira-casacas. Ir para um estádio, já de cabeça feita para vaiar jogadores e técnicos, é triste e mesquinho. A esmagadora maioria dessa corja que faz isso, foi a mesma que pernoitou no aeroporto, há alguns meses atrás a vitoriar aqueles a quem apelidava de "heróis de Alkmaar". Mas as convicções dessa corja são tão consistentes como gelatina. Não concebem o futebol sem a vitória, não concebem nada na vida que seja diferente do que aquelas duas ou três celulazitas que têm no cérebro lhes ditam. Não têm capacidade para ver que a equipa é diferente, não têm capacidade para ver que o clube se depara com tempos onde, ou o rigor impera ou o Sporting acaba. E se agora o rigor impera, é porque grande parte desses idiotas que agora levam lenços brancos para Alvalade, elegeram populistas que compravam ao desbarato jogadores que não se podiam pagar, e despediam por dá cá aquela palha treinadores de créditos firmados. Se puserem um microfone à frente desses energúmenos, verão que o diagnóstico que fazem é o seguinte "O Sporting está em crise porque Dias da Cunha e Peseiro são benfiquistas". Assim... absolutamente assim. E vão mais adiante "A crise só se resolve, se formos recuperar o Quaresma ao Porto, comprar o Hugo Viana e tentarmos o Jorge Andrade." E cá está a resolução da crise dada por estes iluminados, que julgam que a porcaria de quotas que pagam ao fim do mês, lhes permite mandar postas de pescada para o ar, e contratar jogadores com salários e valor de passe verdadeiramente proibitivos. Esta gente desconhece, que se querem discutir o clube seriamente, podem recolher assinaturas para provocar uma Assembleia Geral, e aí sim, inteirarem-se das questões e propôr alternativas sérias. Ao invés, insultam, gritam, apoiam o adversário, fazem esperas, enfim, é esse o conceito deles de sportinguista.
Muitos deles dizem que "O Sporting somos nós", e fazem parte de associações na sua maioria ilegais, onde vivem à custa do dinheiro que alguns incautos lhes metem na mão, e a sua utilidade resume-se a irem a todos os jogos, com bilhetes mais baratos, gritar golos e aplaudir quando jogamos bem, ao passo que insultam e viram as costas quando as coisas correm mal, agridem-se já bebedos, agridem adversários e polícia, e no regresso saqueiam postos de abastecimento. Uma bela forma de estar na vida...
Na sua maioria, é este o perfil do adepto, que se prepara para empurrar um profissional sério para fora do clube, que deu mostras de saber trabalhar, quando tem condições para tal, não se importando minimamente com o facto de ter de haver uma explicação mais profunda e vasta, para o trabalho de profissionais outrora com sucesso, agora não estar a funcionar.
Só tenho pena é de gostar tanto do Sporting, porque o que me apetece fazer racionalmente, é afastar-me e deixar de poder ser confundido com esta carneirada, que insiste em marrar a torto e a direito, fazendo jus à irracionalidade que pulula naquela bola que lhes separa as orelhas.

16 outubro 2005

7ª Jornada


Jornada 7 foi jornada de clássico Porto vs Benfica. Os encarnados não venciam no Porto, desde a tarde de glória de César Brito. Mas foi mesmo desta, que mataram o borrego. E venceram bem. A vitória por duas bolas a zero não merece a menor contestação. Nuno Gomes foi a figura do jogo, ao ser o autor dos golos da vitória. Adriaanse insistiu na dupla Ricardo Costa - Bruno Alves, mesmo já tendo Pedro Emanuel e Jorge Costa disponíveis, e pagou a factura. A meu ver, esses 2 jogadores são uma cópia muito, muito, mas mesmo muito pirata, de Fernando Couto e Jorge Costa, e note-se que nem sequer sou especial apreciador destes 2 ex-internacionais portugueses, agora perto da reforma. Têm toda a agressividade desnecessária que os seus "ídolos" têm, mas desprovidos de qualquer classe, jeito, sentido posicional e sentido de liderança. Em suma, muito fraquinhos mesmo. O meio campo portista, não carburou, devido talvez à falta de um homem que faça as despesas defensivas ( Raúl Meireles por exemplo ), e o Benfica controlou sempre o jogo. Na 1ª parte, jogou mais na expectativa, e na 2ª parte, já com Karyaka em campo, embora não sendo avassalador, foi mais acutilante e colheu o que plantou. Por este andar, Adriaanse arrisca-se a passar à história como um técnico que tinha tudo para ganhar, nada vencendo por simples casmurrice. Já Koeman, mostrou ser mais inteligente. Aprendeu com os erros, passou a aproveitar mais o esqueleto do ano passado, melhorou-o com Anderson e Nélson, e tem neste momento a equipa a praticar bom futebol. A continuar o actual estado de coisas, arrisca-se a ser campeão. Voltando ao Porto, causou também alguma estranheza a apatia de McCarhy, embora raramente tenha sido bem servido, e a opção de deixar Quaresma no banco. Parece claro que neste momento as hipóteses do Porto vencer jogos, passam muito por aquilo que Quaresma faz em campo, e tendo Adriaanse deixado o extremo no banco, descansou por muitos minutos o seu compatriota encarnado. Referência positiva para Lucílio Baptista, que quanto a mim, apenas errou na expulsão de Léo. Quanto à expulsão de Bruno Alves, ela simboliza a vitória de uma cultura sempre aplaudida nas Antas, em que um central, mais do que jogar à bola, tem de ter cara de mau, ir às pernas do adversário, magoá-lo, e se possível ainda agredi-lo. Bem na senda de Lima Pereira, Fernando Couto, Jorge Costa e Pedro Emanuel, Bruno Alves a continuar assim, arrisca-se a acabar carreira no Dragão como um dos símbolos do Porto do segundo milénio. Filosofias...

Já o Sporting prosseguiu a sua via sacra. Torna-se difícil falar do Sporting. Porque sou sportinguista, e porque já não há muito a dizer. Recebeu a Académica e perdeu 0-1. E se não mereceu perder, decerto que não mereceu ganhar. A equipa não é boa, ponto final. A pressão não ajuda, e tudo se resume a um conjunto de jogadores que não consegue pegar na bola, porque actualmente ela queima, e consequentemente não progride em campo, chutando sem nexo a bola em solicitações de 40 metros, que invariavelmente morrem na linha de fundo, ou nos pés dos defesas adversários. A Académica, jogou como de costume, num claro 8-1-1. Obviamente que estou a ser irónico, mas também irrita ver estas equipas que apesar da conjuntura até ser favorável, continuam com a ambição de um monge franciscano. Note-se que bem sei que a Académica tem menos potencial que o Sporting, mas de qualquer forma é de bradar aos céus, a ambição é nula. Marcou o golo da vitória numa perda de bola infantil de Custódio, tendo o médio academista que roubou a bola, isolado Marcel que rematou a contar. A partir daí, até criou mais algumas ocasiões, em contra-ataque puro, jogando com o desespero leonino. Mas tudo bem, cada um luta como quer. Apenas é triste vermos as ligas estrangeiras, e observarmos os clubes pequenos encararem os grandes, com muita mais ambição do que por cá se vê. De qualquer forma, aceita-se a vitória academista.
Não gostaria de falar da arbitragem, até porque claramente o Sporting não perde pela arbitragem, e isso que fique bem claro, mas tenho de dizer que o senhor Paulo Paraty, por muitos apitos de Ouro que vença, continua um nojo de árbitro. A 1 metro de distância transformou um penalty sobre Wender, num livre directo, assinalou off-side indevidamente num lance em que Silva viria a marcar o golo do empate, e marcou uma falta, onde um academista pontapeou violentamente João Moutinho, em lance de vermelho directo, sem sequer mostrar o amarelo. Palavras para quê, é um artista português! Mas nem sequer merece ficar ligado à derrota leonina. Os problemas são bem maiores que os Paratys deste mundo, e radicam claramente na falta de qualidade. E quando assim é, ou Dias da Cunha consegue contratar Nosso Senhor Jesus Cristo, ou então, o centenário vai ser mais negro que uma fotografia tipo passe do Douala.
Previsivelmente Peseiro vai cair, hoje, ou nos próximos dias, e vejo com muita curiosidade quem vai ser o "doido" que vai aceitar pegar neste Sporting. Colocando aqui um pouquinho de "Wishful Thinking", se o erro do despedimento de Peseiro se confirmar, Deus permita que o próximo Mister leonino saia do grupo Carlos Queiroz - Manuel Fernandes. Mas como nestas coisas, sou bem mais dado às leis de Murphy, vai acabar por sair o Couceiro na rifa.
Leão sofre...

O contra-adepto


Todos nós, ou pelo menos os apaixonados por literatura policial ou de guerra, já ouviram falar do conceito de contra-espião. Mas ontem ficamos a conhecer o conceito de contra-adepto. Passo a explicar. Há alguns dias, a propósito da crise leonina, e das firmes convicções de Co Adriaanse, o técnico holandês dizia algo como isto "Tenho as minhas convicções e não mudo. O Porto sabia quem eu era, e por isso me foi buscar. Quando os associados já não me quiserem, basta acenarem-me com lenços brancos que me vou embora.". Todos vimos isto na TV, e quem não viu, pôde reler as citações na imprensa escrita. Ora Adriaanse perdeu ontem no Dragão com o Benfica por 0-2. Não vamos agora escalpelizar os motivos da derrota. Perdeu... E alguns adeptos lembraram-se de aplicar a Adriaanse, a moda dos "pañuelos", como já tinha acontecido a Peseiro. Interpelado a propósito disso, na flash interview respondeu "Isso não é verdade. É falso que alguma vez tenha dito que me ia embora se me acenassem com lenços brancos.". Ficamos aí a saber que fomos alvo de uma alucinação colectiva. Mas mais preocupado fiquei ainda com o meu estado mental, quando ouvi Adriaanse na conferência de imprensa, dada 5 minutos após a flash interview "Vi lenços brancos sim, mas eram mostrados por adeptos do Benfica.". Ficamos aí a saber que Adriaanse tem um sistema de retina ocular que lhe permite processar imagens de 5 em 5 minutos. E mais importante ainda, ficamos a saber que desde ontem, há no futebol português aquilo que deve ficar conhecido como o contra-adepto. Adeptos adversários que mostram lenços brancos ao técnico adversário. Ele há coisas...
A foto demonstra que Adriaanse tem razão...

P.S. - Provavelmente o Sporting não vencerá a Académica, dentro de algumas horas. Mas é curioso verificar, que Peseiro, tendo perdido jogadores angulares na manobra da equipa, tendo o plantel e a equipa mais barata e fraca dos 3 grandes, pode passar para a frente do campeonato dos grandes, sendo mesmo assim o técnico mais odiado e atacado. Faz sentido isto? Na cabeça de alguns talvez faça. Na minha, definitivamente não faz...

Então Capitão???!!!


Alguns amigos meus, portistas e benfiquistas, já devem ter pensado "Pois é... o lagarto agora não fala da batatada que houve no treino do Sporting, entre o Beto e o Custódio. Não lhe convém, é o que é...". A verdade é bem mais simples e menos maquiavélica: não tive tempo.
Mas cá vai. Li que há dias atrás, Beto e Custódio se pegaram à pancada em pleno treino. As informações não são muitas, nem claras, mas transpareceu de certa forma, que Beto teve mais culpa nesta questão, embora numa situação destas a culpa dificilmente seja de apenas uma pessoa. Vamos então por partes... Situações destas acontecem em todos os planteis do mundo. É de certa forma inevitável que tal aconteça. Esta constatação não torna o facto menos grave, nem sequer desculpável. É também verdade que, num plantel algo desorientado, sob pressão, e com maus resultados recentes, estas coisas se propiciem mais, não sendo isto uma desculpa, mas antes uma constatação óbvia. Este acontecimento não pode passar em claro. Pelo que nos chega através da imprensa, o Sporting decidiu apenas multar os 2 prevaricadores monetariamente, não os suspendendo, e a meu ver bem, porque assim, quem seria punido era o clube, porque ambos fazem falta à equipa, e o clube não tem culpa nenhuma de dois actos tresloucados de dois funcionários. No entanto, e no que diz respeito a Beto, a meu ver, tem de perder a braçadeira de capitão. Gosto muito de Beto, acho-o um fantástico central, e mais do que isso, um fantástico sportinguista, e espero que termine a carreira de leão ao peito. Mas, e embora sabendo que todos somos humanos e todos erramos, Beto, como capitão não pode errar em determinados aspectos. E este era um deles. Com toda a razão do mundo que possa ter, e não quero sequer saber qualquer pormenor, Beto não pode nunca, como capitão agredir um colega. Nunca, nunca, nunca. A função não o permite, e o clube não o merece. Aconteceu, nada há a fazer, decerto que Beto como grande homem que é, já se desculpou, já se penitenciou e penso que se deve sentir pior que todos, mas há que tirar as ilações do caso, e agir em conformidade. A meu ver, Beto não fica diminuído por perder a braçadeira, mas é algo que tem de acontecer. As coisas são mesmo assim...

P.S. - É nos pequenos pormenores que se ganham títulos. Todo este caso se passou num treino à porta fechada. Como foi possível tudo isto se saber? Há claramente "toupeiras" no grupo de trabalho. Urge detectá-las e exterminá-las, caso contrário, podem esquecer qualquer tipo de conquista.

04 outubro 2005

6ª Jornada


O FC Porto voltou a perder pontos, agora na Madeira. Empatou a duas bolas, e poderia e teria perdido o jogo, não fosse uma péssima arbitragem de Duarte Gomes. Foi claramente o pior jogo da era Adriaanse, ao passo que no Marítimo, a chicotada psicológica resultou em grande. Falta saber se foi um fogacho momentâneo ou se é para manter. O Marítimo entrou em campo a mandar no jogo, com uma dinâmica que o Porto nunca conseguiu acompanhar, e chegou à vantagem com naturalidade, explorando a falta de qualidade defensiva dos portistas, que de há algum tempo a esta parte, venho apontando. Apesar da vantagem, o Marítimo não baixou o ritmo e conseguiu marcar um segundo golo, que foi indevidamente invalidado. Após esse lance, viu ainda ser-lhe escamoteada uma grande penalidade. Sem dúvida, uma péssima arbitragem com prejuízos óbvios para os madeirenses. Na segunda parte, o Marítimo ainda dominou o primeiro quarto de hora, tendo o Porto efectuado algumas substituições e partido à procura do empate. Efectivamente conseguiu-o, e conseguiu até o 1-2, parecendo aí que o jogo tinha terminado. Após o 1-2, os madeirenses viram-se reduzidos a 10 homens, e tudo parecia encaminhado ao gosto do FC Porto. Acontece que o Marítimo não esteve pelos ajustes e num pontapé fora da área aos 89 minutos, restabeleceu a igualdade a duas bolas, havendo ainda tempo para uma segunda expulsão, o que empurrou o Porto para a frente, criando ainda chances para vencer. Mas tudo terminou em empate, fazendo o Porto perder mais 2 pontos no caminho para o título. Que seriam 3 pontos, resultado da 1ª derrota portista, caso Duarte Gomes tivesse apitado à luz das leis que regem o futebol.

Já o Sporting, prosseguiu o seu calvário. Pedeu agora 3-0 em Paços de Ferreira, que apesar das parangonas dos jornais, não justificou tal resultado. Não quero com isto dizer que a vitória não poderia ter acontecido, mas o resultado é enganador. Na 1ª parte, então o marasmo foi completo. Nem Paços nem Sporting, justificaram mais que um puxão de orelhas. Mas o Paços de Ferreira marcou 2 golos. O 2º golo foi um golpe de infelicidade de Beto que tentando cortar para canto, enviou a bola ao poste, restando ao avançado pacense empurrar para dentro da baliza. Já o 1º golo tem mais que se lhe diga. Foi um lance à Carlos Xistra. Livre directo contra a barreira, e o sr Xistra amarela Moutinho e manda repetir o livre. Pena é que a repetição mostra claramente que João Moutinho apenas sai da barreira quando a bola é tocada para o lado, para o remate partir. Lance legal, mal avaliado que custa um golo e um amarelo a João Moutinho. Na 2ª parte o Sporting mandou no jogo, contra 11 jogadores acantonados na área, e levou o 3º golo em contra-ataque quando o Sporting já estava reduzido a 10 homens e nada havia a fazer. Mais 3 pontos perdidos, e para mim, o solidificar da convicção que este ano não dá mesmo para mais. Para outros, foi o avolumar da contestação a José Peseiro, que vai certamente acabar por sair, como se fosse a causa de todos os males. Mas o futebol é mesmo assim, e os adeptos só vêem o imediato.

Já na 2ª feira, o Benfica bateu o Vitória de Guimarães, por 2-1, num jogo em que os lisboetas tiveram mais sorte que engenho. Passo a explicar: o primeiro golo do Benfica é um centro para a área onde Nuno Gomes falha a cabeçada, enviando a bola na direcção da linha lateral, onde encontra Miccoli isolado que atira a contar. Já o segundo é uma deambulação de Simão que remata encontrando as pernas de um vimaranense, traindo assim o keeper do Vitória. Estes fizeram o seu golo, fruto de um estrondoso cruzamento de Mário Sérgio, que em Alvalade infelizmente não fazia coisas daquelas, que encontrou o fantástico Targino a cabecear a contar. Este miúdo ou muito me engano ou vai longe. Rapidíssimo, técnico, buliçoso, tem tudo para ser grande. Assim tenha cabecinha. Na 1ª parte foi um festival vitoriano, com perdidas incríveis de Saganowski, Targino, Benachour e companhia, onde Moreira e mesmo a trave brilharam. No período complementar, o jogo foi morno e o Benfica, sem criar perigo dominou, fruto também das substituições de Pacheco, que debilitaram a força vitoriana. Nota de destaque, para mais uma "tentativa de assassinato" do senhor Petit, a quem não lhe basta ter talento para a bola, sentindo também necessidade de tentar estragar a carreira a Targino, num lance similar ao que precipitou o fim de carreira de Marco van Basten. Simplesmente nojento, senhor Petit! Assim vamos assistindo a nojices deste senhor, semana a semana, sem que nada se faça. Para concluir, Petit acabou agredido, fruto de um destempero de um jogador vitoriano. Adivinhava-se...
P.S. Que inveja não ter Neca e Benachour no time do leão...

30 setembro 2005

Ronda Europeia


Pois é... Quem me mandou a mim, no último post da Ronda Europeia, me atrever a fazer previsões? Por estes dias, a minha fama de bruxo está tão descredibilizada quanto a fama de boa autarca da Fátima Felgueiras ( devia ter evitado esta comparação, porque se está mesmo a ver que a Marge Simpson das Autárquicas vai ganhar a eleição, e dar mais uma machadada na minha credibilidade, mas que se dane ). Voltemos à bola, então.
Previ eu do alto da minha sabedoria, vitórias do Porto, Sporting e Braga. Assim sendo, vai daí que a teimosia do senhor Adriaanse decidiu compremeter o percurso do Porto na Champions League, ao desbaratar 2 golos de vantagem sobre o Artmedia, conseguindo o feito de perder o jogo no Dragão, por 2-3, e dando mais força à opinião que deixei num post anterior, que a fraca defesa do Porto, vai concerteza encurtar a sua estadia europeia, coisa que aquele meio campo e ataque até nem mereciam.
Já o Braga, pelo que vi do jogo, massacrou verdadeiramente o Estrela Vermelha, mas a dado momento, jogou sozinho contra o keeper visitante, que miraculosamente evitou a eliminação. Se aquele guarda-redes defender sempre assim, é de abrir os olhinhos e tentarem contratar o homem. Mas se calhar foi apenas mais uma noite de glória de um keeper banal. O Braga perdeu porque foi perdulário. E muito. Não se podem falhar tantos golos. Ficou como nota positiva, uma bela exibição e a luta intensa até ao fim. Para a história fica o empate a uma bola.
O Sporting, de quem esperava uma vitória quando escrevi o outro post, mais uma vez demonstrou o que constatei desde o jogo com o Benfica, sendo que desta vez os sintomas foram amplificados. Claramente, o Sporting hoje em dia, enquanto equipa é perfeitamente banal. De comum com o ano passado, só alguns nomes e a camisola. Perdeu o jogo 2-3 e perdeu a eliminatória justamente, apesar de alguns erros individuais. Exibição sem ordem, sem plano de jogo, sem força, em suma sem alma.
Previ também que o Vitória de Guimarães perdesse em Cracóvia, mas passando a eliminatória. Pois bem, surpreenderam-me e ainda venceram o jogo por 0-1. Fico feliz com o erro na previsão, e espero que seja a ressurreição vitoriana, que tem jogadores para dar cartas a nível interno.
Já o Setúbal, de quem eu esperava que fosse goleadíssimo em Génova, deu boa conta de si, perdeu apenas 1-0 e pelo que rezam as crónicas, podia até ter feito algo mais. Mas honrou a camisola, honrou Portugal e mais não lhe era pedido. Parabéns Vitória de Setúbal.
Para finalizar, o Benfica, como previ, perdeu em Old Trafford por 2-1. Mas não perdeu só o jogo. Perdeu também a melhor oportunidade de sempre, de bater os Red Devils em Old Trafford. Um Manchester q.b. , sem ideias nem carisma, só não foi suplantado por puro medo de vencer de Ronald Koeman. Não basta ser holandês e dizer-se fã do futebol ofensivo. Tem de se agir em campo, e a dado momento Koeman desistiu de vencer e atacar, pôs-se a jeito, e os Deuses do Futebol e Van Nistelrooy fizeram o inevitável.
Concluindo, jornada desastrosa para Portugal. O Porto quase diz adeus à Liga dos Campeões e quiçá à Taça UEFA, o Benfica ainda tem tudo para manter intactas as aspirações. O Sporting foi humilhado, o Braga não passou por uma equipa inferior à sua, o Setúbal foi estoico e o Guimarães a lufada de ar fresco.
Melhores dias virão...

26 setembro 2005

5ª Jornada


O Benfica foi vencer 1-3 a Penafiel, na passada 6ª feira. Os encarnados estão claramente em subida de forma, agora que Koeman decidiu ir pelo caminho mais fácil e não destruir o que estava bem feito. Usufruem também neste momento do efeito Nuno Gomes, que a continuar assim, se arrisca a marcar um golo, ao apontar um pontapé de baliza. Aos 12 minutos a vitória estava já consumada. Um primeiro golo, com origem em 2 ressaltos que isolam Nuno Gomes, e um segundo golo, de pé esquerdo na recarga a um livre directo, dizem algo da felicidade que o Benfica teve neste jogo. O Penafiel reagiu a 10 minutos do fim, mas logo de seguida Nuno Gomes matou o jogo. Esclareça-se que, quando falo em felicidade encarnada, em nenhum momento quero dizer que o Benfica venceu por sorte. Nem por sombras... Em momento algum, o Penafiel foi opositor de registo, e teve até alguma complacência do árbitro, caso contrário, um ou dois jogadores teriam sido expulsos, fruto de entradas que fariam inveja a Bruce Lee.

O Porto, bateu bem o Belenenses, no Dragão por 2-0 e confirmou que é a equipa mais forte em Portugal. E coloco o enfoque em equipa, claramente. Criou muitas chances, falhou muitos golos, mas que fique muito claro que o Belenenses também podia ter marcado algumas vezes, e não hesitemos em dizer, que o único erro arbitral do jogo, proporciona o 2º golo do Porto em off-side. No entanto, para espíritos que possam ver nestas palavras, alguma parcialidade, afirmo claramente que o Porto venceu bem, e com justiça.

O Sporting, já no domingo, bateu por 1-0 o Vitória de Setúbal, e confirmou os meus tristes receios. Esta equipa não dá mais. Vencemos bem, fomos a única equipa que quis vencer, falhamos muitos golos, temos grandes jogadores, mas neste momento há défice de qualidade no plantel, e não passamos de uma equipa mediana. Vão-se salvando os resultados na Liga, mas, quem pensa que somos realmente uma ameaça ao Porto deste ano, está muito iludido, e o acordar vai ser duro. Muito sinceramente, hoje, se me fosse permitido terminar já a época e me oferecessem o 3º lugar, aceitaria de imediato, só para ver este suplício terminar.
Melhores dias virão...

Filhos e Enteados...


Toda a gente sabe que mais vale cair em graça do que ser engraçado. Mas pior ainda do que ser engraçado, é cair em desgraça, ou tentarem desgraçar-nos.
Sobre os técnicos dos convencionados três grandes do futebol português, posso dizer o seguinte: Koeman nunca me entusiasmou como treinador, gosto de Co Adriaanse, e considero Peseiro um técnico competente e que não envergonha o clube pelo qual sofro.
Para início de conversa convém deixar claro o seguinte: vive num mundo de ilusão ou padece de incapacidade crítica, todo aquele que pensa que determinado treinador não erra, ou que concorda com todas as decisões que ele toma. Isso vai estando muito em voga, nos dias que correm, mormente para os adoradores do auto-proclamado special one.
Mas observemos os técnicos de Benfica, Porto e Sporting, e mesmo com alguma paixão à mistura, tentemos ater-nos a factos.
Koeman chegou ao Ajax, fruto da sua reputação de ex-grande jogador, à semelhança do que também aconteceu com Rijkaard, Van Basten, Voller e Klinsmann, que chegaram a grandes clubes e selecções, mesmo sem terem provado o que quer que fosse como treinadores. Pelo Ajax andou, por lá conquistou sem grande brilhantismo um ou outro título, e de lá foi mandado embora. Já no Benfica, venceu uma Supertaça ao Vitória de Setúbal, num jogo decidido por um golo precedido de falta. Na Liga, a sua equipa partiu com muito atraso, fruto de algumas indecisões e invenções nas equipas que escalou, impedindo um arranque normal de uma equipa que já tinha a estrutura montada. Somou incongruências e incoerências na gestão dos dossiers Miccoli e Karagounis, atribuindo a estes a titularidade directa na equipa, apesar da falta de condição física dos mesmos, e de entrosamento com o resto do plantel. E tudo isto, tendo usado já esses argumentos para afastar de convocatórias outros jogadores. O lapso mais recente ocorreu a semana passada, quando afirmou a alto e bom som "Tenho 3 bons centrais", falando de Luisão, Anderson e Ricardo Rocha. Alcides, obviamente não cabia neste lote. Penso que sobre capacidade de gerir um grupo e respectiva moral, estamos conversados.
Co Adriaanse nunca venceu nenhuma competição na sua carreira, o que desde logo não me impede de o apreciar e lhe reconhecer grande competência. É sério, trabalhador, tem espírito ofensivo e as grandes conquistas não vão tardar no seu curriculum. Como pontos baixos, as recentes declarações que passaram em branco, sobre o Braga e o Belenenses. Diz Adriaanse que Braga e Belenenses são defensivos. Tendo o técnico total direito à opinião, e descontando a falta de elegância para com os companheiros de ofício, o pior reside na falsidade da declaração. Fossem todas as equipas, defensivas como o Braga e o Belenenses, e tínhamos uma Liga fabulosa. A outra nódoa residiu na gestão do caso McCarthy. De início, esteve fantástico. Defendeu intransigentemente a disciplina e pô-la à frente de tudo o resto. Mas bastou passarem 2 ou 3 dias dessas declarações de jura eterna de fidelidade à disciplina, a somar à ausência de jogadores para a frente de ataque, e Adriaanse, necessitando do sul africano, entendeu mandar o princípio às malvas e colocar Benny a titular em Braga.
Resta Peseiro...
Não é loiro, não tem sotaque estrangeiro, tem um look risível, não tem um "facies" de Oficial de Campo em Auschwitz, não gosta de disciplinar, chicoteando ou alardeando o chicote e, basicamente perdeu tudo o ano passado. Só defeitos...
Não se olha que perdeu a Taça de Portugal na Luz, nos penalties, com 10 jogadores, e com António Costa a apitar. Não se olha que perdeu o título na Luz, na penúltima jornada, num lance que me abstenho de qualificar, com Paulo Paraty a apitar. Não se olha que perdeu a Taça UEFA em casa, um troféu que existe às dezenas em Portugal, com uma primeira parte do mais brilhante que se tem visto nos últimos anos, e uma segunda parte do mais infeliz que se tem presenciado nos últimos tempos. Os próprios adeptos do clube, quando ele decide retirar um trinco para lançar em campo um extremo esquerdo, ficam contentes mas não lhe reconhecem a audácia da opção. Pelo contrário, se fruto da desinspiração individual, a equipa perde o controlo de jogo, e Peseiro lança um trinco a substituir um ponta de lança prima donna que nada rendeu durante 75 minutos, e que esteve doente a semana toda, logo chovem assobios e se bamboleiam lenços brancos, por adeptos que preferem eleger à categoria de Deus, um outro avançado, cujo mérito é aparecer nas revistas de coração e ter marcado um hat-trick em Braga. Vá-se lá perceber...
Continua-se a exigir do Sporting prestações galácticas, quando as actuais possibilidades nos proporcionam ter Miguel Garcia e Paíto, como jogadores, em vez de Javier Zanetti e Roberto Carlos. Continua a dizer-se que temos a mesma equipa, mas olhamos para lá, e onde estão Enakarhire, Barbosa, Viana, Rochemback e Rui Jorge? É verdade que as faltas de Barbosa e Rui Jorge, foram opção técnica, mas não se pode querer sol na eira e chuva no nabal. Se querem lançar jovens, se querem reduzir ordenados, se querem enfim, renovar, alguém tem de sair. E aposto que ninguém mais que Peseiro quer vencer no Sporting.
A somar a isso, dificulta ainda a vida a Peseiro, a infelicidade de ter alguns jogadores no grupo, onde a falta de profissionalismo abunda e a boa educação escasseia, e onde acima de tudo se privilegia o ego, e se esquece o grupo.
Mais do que vitórias, eu peço empenho, e não espero milagres, mas sim suor. E isso eu tenho visto. Por isso mesmo é que pouco ou nada subscrevo nas críticas feitas a José Peseiro.
Deixo a pergunta "Que se diria na imprensa desportiva, se Peseiro tivesse enfiado algumas argoladas, que os seus rivais já enfiaram?" e já agora mais uma "Até quando se vai criticar em Portugal, tendo por base a agradabilidade da cara, ou o provincianismo?". Responda quem souber. Por mim já desisti de tentar fazê-lo...
P.S. Aos adeptos mais jovens que vão a Alvalade insultar e agitar lenços brancos, falta um pouco de conhecimento do clube, que lhes possibilite saber o que era o cemitério de treinadores de Alvalade, na década de 80, e tudo de bom que isso trouxe para o clube pelo qual sofro...

20 setembro 2005

4ª Jornada


A 4ª jornada saldou-se pela primeira perda de pontos do Braga e do Porto. Os portistas deslocaram-se à cidade dos arcebispos, e fizeram a despesa do jogo. O Braga estava amputado de algumas pedras importantes, e demonstrou também cansaço da ida a Belgrado. De qualquer forma, lá conseguiu controlar as incidências de jogo, apesar deste ser francamente dominado pelo Porto. O Porto mostrou vontade, espírito ofensivo, mas nunca conseguiu dar a estocada final. No fim, o empate a zero aceita-se, e confirma o crescimento de um Braga que mesmo a 70% já dá provas de conseguir pelo menos o resultado que mais convém, mesmo contra equipas superiores. Não sou grande fã de Jesualdo Ferreira mas o mérito é todo dele. Uma última nota: a meu ver fica um penalty a favor do Braga, por marcar, de Sonkaya sobre Rossato. António Costa não destoou da sua carreira: foi ele o artista do costume. Não tardará muito a ser presidente da Arbitragem da Liga. É assim Portugal.

O Benfica conseguiu a primeira vitória na Liga, por 4-0, contra o União de Leiria, que, ou inverte muito a marcha, ou pode começar a marcar lugar na próxima Liga de Honra. É inenarrável a qualidade de jogo deste Leiria, que envergonha as últimas equipas que foram a jogo, nos últimos anos em Portugal. Nunca vi um Leiria tão mau quanto o deste ano. O Benfica aproveitou, goleou e moralizou-se. Diga-se que jogou aceitavelmente bem, agora que Koeman voltou ao esquema normal de jogo. Se esta vitória foi o reflexo da fraqueza leiriense, ou o reflexo da ressurreição encarnada, só as próximas jornadas nos dirão.

Por fim, o Sporting. Os leões baquearam 2-1 na Madeira, frente ao Nacional. Não sou daqueles que diz que somos fabulosos quando ganhamos, nem horríveis quando perdemos, nem sou dos que pede a cabeça de alguém quando as derrotas aparecem, mas uma coisa é certa: este Sporting, não pode, não consegue e não vai ser campeão nacional. Porquê? Porque não tem equipa para isso. Simples como isso. Tem bons jogadores, alguns roçam até a excelência, mas isso não chega. Não se podia ter perdido Barbosa, Viana e Rochemback, sem se ter acautelado com a aquisição de um criativo, patrão da equipa que conduzisse o fio de jogo. Mas foi o que se fez. Resultado: um futebol que envergonha o futebol do ano passado, e que se caracteriza pelo passe longo para Liedson e Douala. Quando estes estão em dia sim, o Sporting vence. Quando não estão bem, ou o adversário é inteligente, as chances leoninas de vencer, rondam os 20%. Não estou a ser pessimista. É o que vejo deste Sporting. A somar a isso, a defesa está pior, e já era o ponto fraco o ano passado, o meio campo claramente mais fraco, e o ataque menos asfixiante. Tudo somado, dará um 3º lugar, se o Braga estiver pelos ajustes. No meio disto tudo, custa-me que Peseiro vá sair queimado, porque o problema é claramente de falta de jogadores de categoria, no entanto, Peseiro assumiu o projecto, e mais cedo ou mais tarde vai responsabilizar-se pela ausência de vitórias. Mais do que as derrotas do Sporting, custa-me ver a ausência de fio de jogo, e a condenação antecipada do meu clube, a vegetar por este campeonato, na mais pura das banalidades e mediania, que nos vai conduzir a vitórias sem brilho e a muitas, muitas derrotas contra equipas também elas banais.
Venha a 5ª jornada...

Ronda Europeia


Foi uma jornada de taças europeias muito positiva para Portugal, que pontuou em quase todos os jogos. A excepção foi o FC Porto, que perdeu 3-2, e que conseguiu não ganhar o jogo de forma inacreditável. Este Porto joga bem, exceptuando a defesa, que a meu ver é francamente má, e é claramente superior ao Glasgow Rangers. Os escoceses limitaram-se a bombear bolas, à excepção de Barry Ferguson, que é um enorme jogador, e a aproveitar os erros da defesa portista, e árbitro incluído. No fim, faltou inteligência, para constatar que tendo defendido tão mal, 1 ponto seria melhor que nada, mas Adriaanse preferiu arriscar e perdeu tudo. Acontece...
O Benfica bateu o Lille por 1-0, com Miccoli a provar que, embora a concorrência na Juventus não seja a mesma que na Luz, talvez tivesse lugar em Turim. O Benfica fez mais pela vitória que os franceses, e acabou de forma feliz por vencer no último minuto, já após o Lille também ter falhado algumas chances que não se podem falhar a este nível. Mas a vitória acaba por ser justa.
O Sporting de Braga empatou a zero em casa do Estrela Vermelha, em Belgrado, e embora não tenha visto o jogo, rezam as crónicas que jogou com muita personalidade, e saiu de lá com a eliminatória no bolso. Assim tenha calma e cabeça em Braga, e já está na fase de grupos.
O Vitória de Guimarães, foi uma meia surpresa. Bateu em casa o Wisla Cracóvia por 3-0, e é uma meia surpresa, porque tem jogadores suficientes para fazer melhor do que tem feito na Liga Portuguesa, mas na actual conjuntura vencer 3-0 o campeão polaco é digno de registo.
O Vitória de Setúbal, empatou 1-1 com a Sampdória, e fez melhor do que eu esperava. Para isso contribuiu o golão de Tchomogo, e o receio que a Sampdória demonstrou, claramente fazendo do Vitória, a ideia de ser uma equipa forte, o que manifestamente não é. A somar a isso, a má pontaria de Flachi e companhia, deram a Portugal mais unz pozinhos no ranking uefeiro, que bem jeito fazem. Em Génova a derrota é certa, e adivinho um placard bem anafadito.
Por fim o Sporting. Cumpriu. É só o que me apetece dizer. Jogar em Halmstad, contra um conjunto de bons rapazes, e ainda ter estado a perder e sair de lá com meia equipa amarelada, não é para festejar. Salvou-se o 1-2, mas aquele futebol não convenceu ninguém.
Em jeito de previsão, na próxima semana, conto com vitórias do Porto, Sporting e Braga. Benfica deverá perder em Old Trafford, Vitória de Guimarães também, embora passando a eliminatória na Polónia e o Setúbal cairá aos pés da Sampdória e por números muito pesados.
A ver vamos...

11 setembro 2005

3ª Jornada



O FC Porto bateu o Rio Ave no Dragão por 3-0. Quem apenas souber do resultado ou ler os títulos dos jornais, fica com uma ideia totalmente errada do que se passou em campo. Este jogo foi tudo menos um passeio para o Porto. Acho que se a época passada teve algo de bom, foi ter mostrado aos pequenos clubes que não necessitam de ir a tremer para os estádios dos candidatos ao título. Jogando o jogo pelo jogo, têm boas hípóteses de conseguirem o que pretendem, até porque, hoje por hoje, no futebol português não existem grandes equipas. Existem equipas com melhores jogadores mas sem grandes colectivos. E quando assim é, tudo pode acontecer quando uma equipa com menos potencial, mas bem organizada os defronta sem medos. O Porto mereceu vencer, que fique claro. Mas nunca por 3-0. O Rio Ave jogou bem, controlou o jogo, subiu no relvado sempre a propósito ( nota positiva para Cleiton ) e podia ter marcado. Este Rio Ave, de António Sousa, para já, é para mim a grande surpresa, até porque era o conjunto em que eu menos fé depositava. O Porto, continua para mim a ser o principal candidato ao título, porque tem aquilo que os outros não têm: um organizador, um pensador, um criativo. De seu nome Diego. Com o passar das jornadas isso vai notar-se mais e vai valer pontos ao Porto onde os outros vão escorregar. Quanto à defesa, mais uma vez digo que é fraca, e em nada superior à do Sporting. Penso que esse factor de fraqueza no Porto, vai traçar-lhes e encurtar-lhes consideravelmente o destino na Liga dos Campeões, e, a nível interno vai prolongar o equilíbrio que poderia ser menor, se tivessem gasto mais inteligentemente o dinheiro num central de categoria. A ver vamos...

Foi também jornada de Sporting vs Benfica. Vejamos primeiro o Sporting. Peseiro lançou a equipa possível, após a saída de Rochemback, sem queimar etapas na ascensão de Wender e João Alves ao 11 principal. Tonel, Tello e Loureiro, os jogadores que mais receio causavam aos adeptos leoninos, estiveram muito bem e foram preponderantes. Tello manteve o nível do fim de época passada, e assistiu Liedson no golo da vitória. Loureiro inaugurou o marcador, e mostrou mais do que isso. Mostrou, como eu disse há algumas semanas atrás, poder ser muito útil. Joga bem de cabeça, não passa mal a bola e é muito combativo. Só tem de ser mais inteligente para não ser amarelado em todas as jornadas. Tonel foi uma agradável surpresa para mim neste derby. Ainda mantenho as minhas dúvidas, mas o rapaz não perdeu uma bola em despiques directos. Faço votos para que ele prove que as minhas dúvidas são infundadas. O Sporting venceu bem, apesar de estar a anos luz do brilhantismo do futebol da época passada ( as saídas de Barbosa, Viana e agora Rochemback tinham de se fazer sentir ), e poderia ter marcado mais golos. Várias grandes defesas de Moreira, e três ( sim, três ) bolas salvas na linha de golo por centrais encarnados, podiam ter engordado o resultado. Mesmo assim, tremideira a mais, para quem ganhava o jogo contra dez homens. A rever...
O Benfica está completamente desorientado. Nota-se que Koeman ainda não conhece bem o plantel ( de certa forma, é normal ), e do que conhece não deve gostar muito, pois só assim se explica Karagounis e Miccoli entrarem de caras no 11 inicial, com meia dúzia de treinos, ou nem isso. Pareceu-me que ainda reside alguma confusão táctica naquela cabeça, o que se propaga aos jogadores do Benfica. De resto, foram os mesmos defeitos de sempre. Há ali muito a melhorar.
Uma nota muito importante e que me preocuparia imenso se fosse benfiquista. Eu já não era grande adepto de Koeman, já que como técnico do Ajax, não o achei brilhante, mas de qualquer forma dava-lhe e ainda dou algum benefício da dúvida, mas ontem ele disse algo que achei inquietante e que nos deve fazer pensar sobre se ele tem realmente capacidade para gerir uma grande equipa. Passo a explicar: Koeman deixou fora da convocatória por opção técnica, Manuel dos Santos, Nuno Assis e Mantorras. Apesar de discutível, concedo-lhe a bondade da opção porque é ele que treina os jogadores, no entanto prescindiu de um dos poucos organizadores de jogo ofensivo e prescindiu de um jogador explosivo de ataque, que na Luz não abundam. Quando instado pelos repórteres na conferência de imprensa sobre a utilização de jogadores adaptados no lado esquerdo da defesa, quando tinha Leo no banco, Koeman respondeu que Leo estava sem ritmo, e para um jogo destes, tinha de se estar em perfeita condição física. A ser assim, como explica ele, ter optado por Leo para convocar e dispensar Dos Santos? E pior ainda, com Karagounis a chegar na 5ª feira a Lisboa após uma desgastante viagem de avião começada no Cazaquistão, e só com um treino nas pernas, como explica ele ter-lhe dado a titularidade quando o jogador não tem ritmo e nem os colegas conhece? Já descontando o desgaste do jogo a meio da semana, e das viagens inerentes... Meus amigos, a isto chamo eu de incoerência. E isto era algo que não conhecia em Koeman. Resta saber se isto é fruto de alguma pressão e ainda desconhecimento daquilo que poderá esperar daquele plantel, ou se é mesmo pura e dura falta de coerência de um técnico que não terá vida fácil nas próximas semanas.