07 julho 2005

Os 6 milhões, os 300 mil e o inventor...




Este bem poderia ser o título de um filme do Sergio Leone, ao estilo do "Bom, mau e o vilão". Mas não. É apenas um comentário a um artigo, que de certa forma desmistifica aquela que pode bem ser considerada a invenção futebolística do século. É da autoria de Manuel Damásio, qual Joseph Goebbels,que foi quem primeiro aventou a ideia dos 6 milhões de benfiquistas, e a repetiu tantas vezes que para muitos passou a ser verdade. Parece-me pacífico que é o Benfica quem mais adeptos tem, mas tal ideia sempre me repugnou, até porque, continuando na senda desses números, chegaríamos à conclusão que todos os habitantes portugueses tinham preferência clubística, o que é manifestamente mentira. A somar a isso, teríamos também de definir muito bem o conceito de "adepto". Penso que todos concordam que alguém que nunca entrou num estádio, nunca vê jogos de futebol, nem sequer sabe dizer 5 nomes de jogadores do seu pseudo-clube, dificilmente poderia ser qualificado de adepto. E existe muita gente assim, que se diz portista, benfiquista ou sportinguista, e no entanto, percebe tanto de bola como o Cláudio Ramos percebe das formas de seduzir uma mulher. Logo aí, os estudos deste tipo perdem grande credibilidade. O que me parece claro e óbvio é que o Benfica tem mais adeptos, o Sporting e o Porto andarão relativamente perto um do outro, com vantagem leonina, e não tão distantes do Benfica, como alguns querem fazer crer. E isso tem a importância que tem, porque os clubes se querem captar adeptos e fidelizá-los, antes de mais, têm é de ser bem geridos, dignificarem-se e dignificar o negócio futebol. Se assim for, os adeptos verdadeiros aparecem.
Quanto aos adeptos além fronteiras, sinceramente, aí é que creio mesmo que este tipo de estudos são uma mistificação. Mas tudo bem, os sociólogos e as empresas de sondagens também têm direito à vida.